terça-feira, 15 de abril de 2014

E SAUDE COMO FICA SEM DINHEIRO.

Cuba usou Porto de Mariel para vender armas à Coreia do Norte

Informações foram reunidas em relatório da ONU; a transação fere sanções internacionais. Porto foi construído com recursos do BNDES

Gabriel Castro, de Brasília
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Segundo relatório da ONU, Cuba utilizou o Porto de Mariel para abastecer com 240 toneladas de armamento um navio norte-coreano
Segundo relatório da ONU, Cuba utilizou o Porto de Mariel para abastecer com 240 toneladas de armamento um navio norte-coreano - Reprodução
A construção do Porto de Mariel, em Cuba, ganhou o noticiário nos últimos meses porque o governo brasileiro concedeu, via BNDES, um empréstimo de 682 milhões de dólares à ditadura cubana para assegurar a obra – dois terços do valor total estimado para o porto. Além disso, os detalhes da transação foram estranhamente mantidos em sigilo. Em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff esteve na ilha dos irmãos Castro para a inauguração oficial do terminal portuário.

Mas a história não acaba aí: um relatório elaborado por um painel de especialistas do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que Cuba utilizou o Porto de Mariel para abastecer com 240 toneladas de armamento um navio norte-coreano, em descumprimento a sanções internacionais contra o regime autoritário da Coreia do Norte. A operação, realizada há menos de um ano, fracassou porque a carga secreta foi descoberta por autoridades do Panamá, já no caminho de volta à Ásia. 

Por causa do flagrante, foi possível encontrar os registros de navegação e reconstituir a rota do navio: em 4 de junho, o cargueiro Chong Chon Gang parou em Havana, onde descarregou rodas automotivas e outros produtos industriais. Em 20 de junho, o navio aportou secretamente em Mariel. Lá, o material bélico foi embarcado. Em 22 de junho, o Chong Chon Gang chegou a Puerto Padre, onde recebeu a carga de açúcar que seria usada na tentativa de esconder o armamento.

A maior parte da carga era formada por componentes que seriam usados em mísseis terra-ar, dos modelos C-75 Volga e C-125 Pechora. Dois caças MiG-21, desmontados, estavam no carregamento. Muita munição foi encontrada. Também havia lançadores de mísseis, peças de radares, antenas, transmissores e geradores de energia. Para diminuir os riscos, parte do material enviado recebeu uma nova mão de tinta: os containers perderam a cor verde, indicativa da carga militar, e foram pintados de azul.
Entre os fatos que chamaram a atenção dos investigadores, aparece justamente a escolha pelo Porto de Mariel: o relatório cita que a opção, em detrimento de Havana e Puerto Padre, é mais uma prova das más intenções de cubanos e norte-coreanos. "A carga foi aceita pelo navio sem os documentos básicos de envio, recibos de carregamento, relatórios de carregamento e relatórios de inspeção de carga", diz o texto da ONU. O navio Chon Chong Gang trazia uma declaração falsa de que carregava apenas açúcar-mascavo. E, na lista de portos pelos quais a embarcação passou, não há referência a Mariel.

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