terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Artistas se mobilizam para fazer da viola caipira patrimônio imaterial do Brasil

O pedido está sendo analisado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). Cercado de mistério e religiosidade, instrumento foi fundamental para o surgimento de ritmos que serviram como base para a música brasileira. 
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    O violeiro Chico Lobo considera a viola algo sagrado: as fitas coloridas representam a decoção aos santos reis (Crédito: Divulgação)
    O violeiro Chico Lobo considera a viola algo sagrado: as fitas coloridas representam a decoção aos santos reis
    Crédito: Divulgação
    Por Adriana Ferreira
    Uma caixa mágica que consegue expressar a brasilidade de um povo com um som inconfundível. É assim que o pesquisador e violeiro João Araújo define a viola caipira, um instrumento que foi trazido na época da colonização pelos portugueses e que conquistou o Brasil. Tanto que há uma mobilização para que a viola seja reconhecida como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo ele, a ideia é preservar o instrumento como manifestação cultural.

    "A viola tem uma coisa de paixão. Não é um simples instrumento. A viola tem o folclore que nunca vi em nenhum outro instrumento. Então, ela tem essa característica especial. Há uma paixão envolvida, em alguns até mesmo uma religiosidade", afirma o pesquisador.

    A nossa viola surgiu a partir da viola de arame, trazida pelos portugueses, no século XVI. Era utilizada no processo de catequização dos índios e foi fundamental para o surgimento de ritmos que serviram como base para a música brasileira.

    O violeiro Chico Lobo canta em sua música o que a viola representa para a cultura popular. Cercada de folclore e misticismo ela se torna mais do que um instrumento musical: passa a ser algo sagrado.

    "As fitas coloridas representam a devoção a santos reis, amarradas nos braços da viola, protege o violeiro na sua lida de cantoria. O chocalho dentro da viola protege o violeiro também contra o mau olhado e faz o som ficar mais bonito. Então, é um instrumento mágico, carregado desse sincretismo religioso", diz o violeiro.

    E com as bençãos de São Gonçalo do Amarante, santo protetor dos violeiros, músicos de todo o país fazem essa corrente em prol do reconhecimento. Cantor, compositor e contador de causos, Rolando Boldrin é um dos que apoiam o movimento:
    "Pra gente, há muitos anos, há muito tempo, ela já é considerada patrimônio imaterial do nosso povo, do Brasil, só falta agora oficializar isso".

    O pedido de reconhecimento foi apresentado ao Iphan, em Brasília. O instituto vai analisar a proposta, e as teses serão apresentadas. O Iphan também vai consultar especialistas e estudiosos no assunto para depois decidir se aceita ou não salvaguardar a viola caipira como patrimônio. Não há data de quando isso irá acontecer. A análise leva em conta ainda a vinda da viola para o Brasil, o instrumento como manifestação cultural que resistiu ao tempo e que ainda vai permanecer no futuro. 

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