quinta-feira, 12 de julho de 2012

Jaime Pereira - o Língua de Fogo


Lembranças de  Jaime Pereira 
(In Memoriam) e o valor de sua obra
O “forasteiro” mais amante de sua indivisível Santa Maria, da sua amada sacralizada nos intermitentes versos ufano.
Um dia, antigamente, ou no futuro, sem tempo medido e precisado, ele está, esteve, estará. Pois é na memória dos naturais imprecisos afetos que se guarda a sua malícia infantil, sua resistente pureza, sua in quebrantada vontade.
Absorto, astuto, atento, anjo, voraz, nunca cruel. De tudo sorvia alegria, poesia, nuance, jamais o feio fel. Jaime, licença poética da literatura in natura, o diamante bruto que não se quer lapidar, que ninguém quer burilado.
E que nenhum “bárbaro”, “alienígena erudito”, bula em sua palavra navalha, em sua espada de carne, em sua “peixeira cordel”, pois, se o fizer, Jaiminho transmuda, no jogo, sua terna elegância em “língua de fogo” e aí, caro irmão, abra caminho, que o resultado é espinho.

Sertanejo, ‘oestino’, planta nativa, santamariense do mundo, coribense daqui. Emprestado de terras fraternal, irmãs, nosso tornou-se, e a Santa Maria nossa, em algo dele se fez, converteu-se.  
Livre e liberto, artista e moleque, criança indomável. Leão e marujo.
A fantasia, o desejo, o mistério, a saudade, quando de soslaio invade, faz esquecer que a nau atracou, que o capitão se ausentou, e, na quimera, o vemos ali, no seu canto cativo, a inventar sua verdade, a escrever a sua graça, a eternizar, como dantes (e sempre), a sua arte.
Manda dizer que um dia regressa, que a palavra ficou, que a graça embriaga, que um amigo não morre.
Não partiu, na verdade, ficou...

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