terça-feira, 16 de julho de 2013

AS VEZES É PRECISO VOLTAR AO PASSADO!!

'Estive hoje em um campo de concentração nazista'

FABIO ANDRIGHETTO

Ignore 60 mil mortos. Ignore dezenas de milhares de brasileiros torturados e violentados. Por quase todo o século 20, em Barbacena (MG), o maior hospício do Brasil foi o endereço de crimes de lesa-humanidade. Imprescritíveis por lei, mas facilmente apagados da memória.



Em 2011, a jornalista Daniela Arbex publicou uma série de reportagens na "Tribuna de Minas", jornal de Juiz de Fora, sobre o hospital psiquiátrico. O trabalho foi premiado com o Esso de Jornalismo. "Holocausto Brasileiro" é o resultado da investigação sobre esse período esquecido.
"É uma história desconhecida para muitos mineiros", disse Arbex em entrevista à Livraria da Folha. "Minha geração não sabia nada desta história. Mais tarde, eu descobri que o Brasil não sabia nada desta história".
Na internet, a autora foi acusada de sensacionalista por usar a palavra "holocausto" no título do livro. O emprego do termo não diminui o sofrimento provocado por Hitler. As mortes causadas pelo Terceiro Reich foram mais numerosas e em menos tempo. Porém, observe as fotos da Colônia e esqueça que foram tiradas em Minas Gerais. Salvo o tipo físico predominante, as imagens são as mesmas de um campo de concentração.
Reprodução
Sílvio Savat fotografado em 1979 com o corpo coberto de moscas no Hospício Colônia (MG)
Sílvio Savat fotografado em 1979 com o corpo coberto de moscas e usando vestido na Colônia; imagem de "Holocausto Brasileiro"
Existem outras semelhanças com os métodos nazistas. O higienismo social e a eugenia. Epilépticos, dissidentes políticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, tímidos e negros formavam a maior parte dos internos. Mais da metade dos pacientes não tinha histórico de doença mental.
A tortura --e não o tratamento-- era realizada como em uma linha de montagem de fábrica. Os eletrochoques, por exemplo, eram tão frequentes que chegavam a derrubar a rede elétrica do município. "Na Colônia, o eletrochoque nunca teve finalidade terapêutica", contou. "Eram feitos de cobaia mesmo". Abaixo, ouça um trecho da entrevista.






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