quarta-feira, 2 de outubro de 2013

FILHO ILUSTRE DE CORRENTINA

Guerrinha, história viva de Correntina, faz hoje 81 anos.

01/10/2013
Relato de Getúlio Reis
teófilo guerra
Teófilo Pedro da Silva Guerra nasceu em primeiro de outubro de 1932, concluiu o curso primário em Correntina, tendo como professoras Laura Araújo, filha do Major Felix Joaquim de Araújo, a primeira professora formada do município; professora Lourdes de Miro Telegrafista e a Professora Anísia Silva Moreira; as primeiras professoras habilitadas pelo estado, no município, eu incluia ao trio as professoras Idalina e Siana, que viveram no mesmo período. a primeira alfabetizava em sua residência, na Praça da Matriz e a segunda, também em sua casa, numa rua próximo ao Cemitério, ambas alfabetizavam crianças e adultos.
Aos 11 anos de idade, 1944, fora conduzido ao Seminário de Diamantina, Minas Gerais. Eram 240 km vencidos a cavalo, barcos a vapor e trem de ferro até chegar a cidade de Corinto e por fim Diamantina, totalizando mais de 1.000 km de viagem. No seminário permaneceu por sete anos se preparando para ser consagrado a padre; era o grande sonho de seu pai, Pedro Guerra, ter um filho consagrado ao sacerdócio. A  filha Estela Guerra e a filha adotiva Alvina seguiram a carreira religiosa como freira; Estela renunciou ao hábito, décadas depois, enquanto Alvina se manteve fiel aos votos.
Teófilo teve como contemporâneo o seminarista André Frans Berenós, que mais tarde consagrado ao Sacerdócio, assumiu a paróquia de Correntina, onde se manteve por toda vida, mais de 50 anos de dedicação ao povo Correntinense. (veja resmo bibliográfico Os Anjos de Correntina). Teófilo chegou a concluir o curso de Humanidades e entre as 12 disciplinas ministradas, estudou ainda português, latim, francês, inglês, italiano, espanhol e grego.  Em 1951, restando pouco tempo para consagração sacerdotal, desistiu,  por sentir que não tinha vocação para a vida sacerdotal.
Retornando à Correntina, por um período foi professor de português e latim no primeiro ginásio fundado pelo Pa. André, quando então resolvera aceitar o convite para secretariar a Câmara de Vereadores, que tinha por Presidente o Dr. Lauro Joaquim de Araújo e no pleito seguinte, no governo do prefeito Manoel Vieira fora nomeado Secretário da Prefeitura Municipal e assim, em 1952 deu inicio a militância política.


No dia 6 de fevereiro de 1954 casou-se com Ana Neiva de Araújo, filha do Major Felix Joaquim de Araújo e deste enlace se deu uma união mais solidária entre os Guerras e Araújo. Ana passou a chamar-se Ana de Araújo Guerra. Desta união nasceram os filhos Helenilde, Teoney, Fenelon, Marcia, Herivelton, Selênio, Índira e Weber; cabe adiantar que nenhum deles se dedicara a vida publica ou ao magistério, em sua maioria seguiram carreira de bancários.
Teófilo foi mantido no cargo de secretário de administração da prefeitura municipal em outras administrações, quando se sentindo insatisfeito com o que podia oferecer a família já constituída, partira para São Paulo dois anos após o casamento e neste período, por volta de 1956, dedicou-se a arte de compor versos e canções, chegando a gravar dois discos em vinil, 78 rotações, com letras e músicas de sua autoria; Entre essas canções estava a valsa Correntina que se tornou nos anos seguintes um hino oficial em todas as solenidades cívicas, serestas ou madrigais. Até os dias de hoje emocionam os correntinenses, principalmente aqueles nascidos até os anos 70 de lá para cá os valores sociais não vêem sendo mantidos e certos hábitos caíram em desuso. (veja poesias: Correntina; também eternizou entre os estudantes o Hino ao Educandário São José e outros poemas, sempre prestando homenagens).

De volta a Correntina, em 1959, retorna a Secretaria de Administração Municipal, que tinha por chefe do executivo seu Pai, Pedro Guerra. Teófilo Guerra porém entra em desacordo com o grupo político, e por uma conclusão minha, sem que haja confirmação deste fato, suponho que Teófilo aguardava sua indicação para a sucessão de seu pai no Governo Municipal, e em lugar dele fora indicado Elias de França. Nas eleições de 1962 Teófilo apóia a oposição, que surpreendentemente apresentara como candidata Vivi, a filha do Capitão Miguel Coimbra, a pequena notável Valderina Coimbra. Vivi perdera a eleição, que se diga muito questionado aquele pleito em que Elias de França chegava a seu segundo mandato, porém Teófilo Guerra fora o segundo vereador mais votado, pelo PSP.
Acontece que naquela época o cargo de vereador não tinha remuneração, o que fazia os vereadores da época totalmente dependentes do Prefeito. Teófilo faz uma oposição sistemática ao Prefeito aliado político de seu Pai e sua situação fica insustentável, como vereador  e como chefe de família. Teófilo não tinha salário para manter a família e não era homem que aceitasse a dependência do sogro e do pai e antes mesmo do término de seu mandato, renuncia ao cargo e aceita a proposta de emprego no Departamento de Estrada e Rodagens da Bahia, na cidade de Brumado , para onde então se transfere.
Teófilo Pedro não fica por muito tempo em Brumado, afinal, sua história, sua vida, estava ligada ao destino desta terra. Era seu sonho um dia ser o seu administrador. Sua determinação e sua independência de pensamentos o fazia vítima de si mesmo. Teófilo Guerra não aceitava a submissão que por muitas vezes era imposta a titular do cargo, pelos coronéis que de fatos exerciam o poder.  Outra vez de volta a Correntina, assume a Secretaria de Administração da Prefeitura, agora comandada pelo Prefeito Euclides Moreira Alves; veio um mandato tampão, ocupado por Joaquim José da Silva, em 1970 e  Teófilo se mantém a frente da  Secretaria de Administração e ao final dessa mandato,  é finalmente indicado para a sucessão, pois não resta outra alternativa ao grupo. Teófilo Guerra como ninguém conhecia o funcionamento da máquina administrativa, tinha determinação e também tinha influencia e nome junto ao eleitorado.
Finalmente disputa pela Arena, seu primeiro mandato, desta feita  contra um MDB rachado. De um lado Zoroastro Magalhães e de outro Joaquim de Sousa Rocha, popular Joaquim Brotim e sagra-se vitorioso. Como ainda não era permitida a reeleição, Teófilo indica seu sucessor, Almir Bispo dos Santos, que é eleito. Guerra retorna mais uma vez e disputa mais uma eleição  e novamente é eleito para um segundo mandato.

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